Estava dada a largada para o nascimento do bairro mais emblemático da capital, o Bixiga. Nessa época a capital já experimentava o crescimento com a chegada dos imigrantes; os italianos que não toparam a aventura ingrata de colher café no interior se interessaram pelos terrenos e aproveitaram os preços baixos – para ali se mudaram em bando.
A partir de 1890, o bairro experimentou nova onda de crescimento com a chegada de mais imigrantes: portugueses, espanhóis e muitos outros italianos.
Os primeiros registros referentes ao Bixiga são de 1559 e dão conta de uma grande fazenda chamada Sítio do Capão, cujo dono era o português Antônio Pinto.
Décadas mais tarde o local passou a se chamar Chácara das Jabuticabeiras, devido ao grande número de árvores dessa fruta, nas imediações. Já na segunda década do século 18 o local pertencia a Antonio Bexiga. Ao que parece, o proprietário ganhou esse apelido porque fora vítima da varíola – bexiga era o nome popular da doença.
A mídia caracteriza o Bixiga como um bairro italiano e a fama de suas cantinas oculta a forte presença negra e nordestina na região. Muitos migrantes nordestinos, a partir dos anos 50, passam a residir no bairro, o que se percebe com as inúmeras Casas do Norte por aqui espalhadas.
Os primeiros imigrantes italianos chegaram no final do século 19. Os que tinham quattro soldi, um punhadinho de grana, abriram armazéns de secos e molhados. De início, três ou quatro numerosas famílias alugavam uma casa com vários cômodos, o que deu origem aos cortiços com tanques e varais comunitários.
Quando começaram a construir suas próprias moradias, encarregavam os capomastri, pedreiros calabreses autopromovidos a mestre de obras, que arquitetavam o projeto da casa “riscando o desenho na própria terra com a ponta do guarda-chuva”, relata João Sacchetto em Bixiga: Pingos nos is (Sodepro, 2001).
Essa simplicidade autêntica encantava o compositor Adoniram Barbosa. Filho de imigrantes vênetos, não era bixiguês nascido, mas vivia por lá, onde tinha muitos amigos, como Walter Taverna e o Ernesto – aquele do Samba do Arnesto. Depois que Adoniran morreu, Walter pensou em homenagear o poeta com um busto de bronze. Dias depois da inauguração, a “estáuta” foi roubada. Walter relembra: “Tanto fiz, tanto não fiz que encontrei o Adoniram em um ferro-velho lá no Brás. Armei tal bafafá, ameaçando chamar a polícia, que o sucateiro, com paúra, implorou: 'Tira esse cara daqui, num quero nem de graça.'” Um verdadeiro imbróglio.
A mídia caracteriza o Bixiga como um bairro italiano e a fama de suas cantinas oculta a forte presença negra e nordestina na região. Muitos migrantes nordestinos, a partir dos anos 50, passam a residir no bairro, o que se percebe com as inúmeras Casas do Norte por aqui espalhadas.
Os primeiros imigrantes italianos chegaram no final do século 19. Os que tinham quattro soldi, um punhadinho de grana, abriram armazéns de secos e molhados. De início, três ou quatro numerosas famílias alugavam uma casa com vários cômodos, o que deu origem aos cortiços com tanques e varais comunitários.
Quando começaram a construir suas próprias moradias, encarregavam os capomastri, pedreiros calabreses autopromovidos a mestre de obras, que arquitetavam o projeto da casa “riscando o desenho na própria terra com a ponta do guarda-chuva”, relata João Sacchetto em Bixiga: Pingos nos is (Sodepro, 2001).
Essa simplicidade autêntica encantava o compositor Adoniram Barbosa. Filho de imigrantes vênetos, não era bixiguês nascido, mas vivia por lá, onde tinha muitos amigos, como Walter Taverna e o Ernesto – aquele do Samba do Arnesto. Depois que Adoniran morreu, Walter pensou em homenagear o poeta com um busto de bronze. Dias depois da inauguração, a “estáuta” foi roubada. Walter relembra: “Tanto fiz, tanto não fiz que encontrei o Adoniram em um ferro-velho lá no Brás. Armei tal bafafá, ameaçando chamar a polícia, que o sucateiro, com paúra, implorou: 'Tira esse cara daqui, num quero nem de graça.'” Um verdadeiro imbróglio.
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